Imagem: Peniche Praia Camping |
Recordo, muitas vezes, com saudade, as partidas e chegadas das muitas traineiras de Peniche (especialmente nos anos 80 e 90). Era um espetáculo único.
Aquela luz à partida, semelhante a esta da imagem que partilho, parecia indicar o caminho certo para a faina.
Horas depois, era ver as traineiras cheias "até ao pescoço" e alegria estampada no rostos, por mais uma faina bem-sucedida.
Não era só peixe que os homens do mar traziam nas suas embarcações. Elas vinham também carregadas de felicidade, alegria e camaradagem. A sardinha que chegava à antiga ribeira matava a fome a todos, ricos e pobres.
Hoje, a realidade é bem diferente, não há tantas traineiras, não há tanta sardinha, não há tantos homens do mar.
Mas há memória que o tempo não pode apagar e, por isso, jamais podemos esquecer aqueles que por amor à arte, arriscando muitas vezes as suas vidas, “contra ventes e marés”, fazem da faina do mar mais do que um trabalho. Fazem arte, como se a faina fosse um romance ou um poema embalado pelas ondas do mar, culminando coroado pelo pescado capturado.
Só que, contrariamente aos finais felizes das estórias, alguns dos seus contos ou poemas terminaram em tragédia, em drama, em sofrimento, em luto. Porque nesta arte, nem sempre há um final feliz.
Que no dia do pescador, saibamos homenagear todos, os vivos e os que já partiram. Saibamos honrar as suas famílias… honremos todos, os Homens e as Mulheres do mar!