Pergunto-me: É mais importante ser alguém que contribui para o bem comum? Ou será melhor que o bem comum contribua para que eu seja mais importante?
Eu sempre gostei muito mais de estar nos chamados bastidores, produzir e observar o resultado final. Sim, porque prefiro ver o resultado do que ajudei a fazer do que ser o resultado do que os outros fizeram (exceto dos meus pais, naturalmente).
Se um agricultor for muito importante sem nada produzir acham que é suficiente? E um pescador, mesmo com fama de ser o melhor, se for ao mar e nada apanhar?
De que serviria ter num plantel de futebol apenas um, e só um, jogador, mesmo que fosse o melhor do mundo?
A verdade é que tenho assistido a uma campanha sem comparação de gente que criticou outros de “semearem” o culto da imagem e que hoje nada mais faz do que cultivar a sua própria imagem. Os seus súbditos são meros números que nada valem aos seus olhos, o que importa é a imagem, mas tal como tudo na vida, a imagem é efémera e acaba por gastar-se com o tempo.
O que realmente importa, e o que fica é a obra. Só a obra tem valor, o autor vem sempre em segundo plano e nunca será reconhecido se a obra não for visível.
Pior ainda é quando nem se quer se consegue “vender” a imagem, porque o povo cansou-se de colecionar cromos, mesmo que sejam autocolantes – e mesmo que alguns ainda os colecionem, é só enquanto colam.
E tem razão para isso.
Afinal, só o fundo muda, porque o boneco é sempre o mesmo.