20 de março de 2012

Primavera: Vens ou ficas?

Chegou a primavera!
Podia ser apenas mais uma primavera, mais um dia como outro qualquer, mas não é.

Esta primavera é diferente. Vem carregada de austeridade, de seca, de frio e de sol.

As pessoas falam de coisas diferentes… recordam outros tempos que, dizem, por vezes foram maus, mas agora parece que lhes bateu a saudade dessoutros tempos austeros.

Afinal, o queremos nós da vida? 

Procurámos e lutámos pela liberdade e em 1974, numa manhã de abril, conseguimo-la. Depois foi usar e abusar dela até mais não querer. E agora? Vamos, achando que estragámos a liberdade, voltar atrás?

Pensei que o nome Salazar ficaria para sempre na história do nosso país como um ditador indesejável, uma pessoa que jamais, em tempo algum, gostaria de voltar, se quer, a falar, mas estava errado.

Nunca em tão pouco tempo tenho ouvido falar tanto dele. Nem nos tempos de escola o seu nome foi tantas vezes prenunciado.

Afinal o que queremos nós? Liberdade (Democracia)? Ou ditadura?

Não teremos nós, povo outrora conquistador, com a mais rica das economias à escala planetária, competências e capacidades para gerir a nossa liberdade? Queremos aliená-la a qualquer custo?

As noticias mostram que enquanto nós estamos neste «não sei se vou, não sei se fico» há quem esteja a viver à grande, com bons ordenados, regalias até dizer chega e de cara alegre como quem diz austeridade!?!? Onde? E é aqui… sim, aqui, no nosso país, sim, em Portugal.

Não posso deixar de notar que, a diferentes níveis, o Poder continua a poder fazer o que quer, e ainda lhe sobra tempo. São sinais do "desligamento" das massas que tardam em agir.

Este agir não terá, necessariamente, de ser violento, nem com recurso à força. Esse tipo de atitude não foi tomada em 25 de abril, que no entender de muitos deveria ter sido, e não faria qualquer sentido agora. Nada se lucraria com isso, antes pelo contrário.

Mas «Abril» é passado, e desse tempo fica a memória e a conquista de algo que muitos que hoje vivem nem sabem, nem podem saber naturalmente, a diferença entre o antes e o depois.

Temos que, de uma vez por todas, assumir a nossa responsabilidade no momento atual e fazer que outros, que ainda não o fizeram, sejam também obrigados a fazê-lo "custe o que custar".

Bem ou mal, aquilo que hoje vivemos tem que ser feito. Fomos nós que abusámos, que gastámos, que não fomos suficientemente competentes para acautelar reservas, deixámo-nos levar pela vontade de querer ter, sem medir ou distinguir o essencial do acessório – não soubemos perceber o que realmente valoramos nas nossas vidas. Mas nada está perdido.

Hoje, temos as faturas para pagar. Temos que escolher: Ou pagamos ou deixamos essa herança para as gerações futuras.

Há que não ter medo. Há que ter coragem.

Muito embora nem tudo esteja a ser bem feito, certo é que alguma coisa tem que fazer-se. E se não é assim que achamos que deve ser, temos a obrigação de lutar para que seja feito da forma que entendemos que é a correta.

Não podemos vitimizarmos, não há gerações «À Rasca» nem gerações «Rascas». Há um país que não pode perder a sua identidade nem ser alienado a "qualquer custo". Por que ele é nosso!

Não podemos lutar pelas nossas «capelinhas». Não podemos lutar pelo bairro, pela aldeia, pela freguesia - isoladamente - mas antes, lutar pelo todo, pela comunidade, pelo bem comum da nossa sociedade, só podemos e devemos lutar pelo país.

É certo que não concordamos com tudo, o que seria mau, mas aqueles que constantemente e de forma gratuita estão sempre do lado oposto, por favor, parem de estar contra tudo, defendam os vossos ideais com toda a força, mas parem de estar sempre contra. Ainda não perceberam que não chegam a lado nenhum?

Vistam «o véu da ignorância», porque é tempo é de unir e não de afastar… todos somos importantes.

E como diz um anúncio… “sem ti… nada feito!”

O véu da ignorância 
O véu da ignorância constitui, na obra de Rawls, a descrição metafórica da barreira contra o uso de interesses parciais na determinação dos princípios da justiça. O véu da ignorância define a "posição original". É como se as partes em causa tivessem de fazer um contrato acerca das estruturas sociais básicas, definindo, por exemplo, as liberdades que a sua sociedade permitirá e a estrutura económica que irá aceitar, mas sem saber que papel elas próprias irão ocupar na sociedade.

Rawls acredita que só deste modo, a partir de uma posição deste tipo, um sistema social pode satisfazer os requisitos da justiça.

Como definir uma sociedade justa, de acordo com Rawls?
Imagine que era membro de um "Conselho Supremo" que tem de fazer todas as leis de uma sociedade futura. Eles, os membros, têm de pensar em tudo, porque mal estiverem de acordo e tiverem subscrito todas as leis, morrem.

E, segundos mais tarde, acordarão na sociedade cujas leis fizeram.
O truque é o facto de não fazerem ideia onde acordarão nessa sociedade, ou seja, qual será a sua posição nela. Uma sociedade destas seria uma sociedade justa, porque racionalmente definida, e cada um estaria entre iguais.