Não
é fácil o atual momento que vivemos. Aliás, a bem da verdade, este “momento” já
não é tão atual como isso, só que se agudiza mais e mais e, talvez por isso, o
povo demonstra-se cansado e desagradado com as medidas e políticas seguidas.
Admito
que nunca me havia debruçado sobre uma eventual atividade - ligada à, ou - política, propriamente dita, provavelmente por acreditar que sempre seria possível participar
ativamente numa sociedade livre sem ter que me “identificar” com um qualquer
movimento ou partido político.
Todavia,
chegado aos 45 anos, acho que tenho que adaptar a minha vontade de agir
comunitariamente a uma nova realidade, um novo “movimento” onde o veículo que
pode conduzir a um sucesso comum é o da política.
Admito
que estamos a assistir ao surgimento de novas realidades, completamente opostas
às realidades vividas na fase pré, e mesmo pós, 25 de abril de 1974.
Considero
que temos que rapidamente resolver e, sem medo, apoiar a que a situação atual
se inverta, para que logremos seguir novos rumos.
É
neste contexto que compreendo que o que há a fazer é, pelo menos, eleger os
meios com os quais possamos atingir aquilo que apreendemos que é o melhor, numa
ótica concreta e não abstrata. Mas sempre com um objetivo comum e não
individual.
Analisando
com profundidade, tendo em conta que o tempo não corre a nosso favor, existe um
meio que nos pode levar a dar um novo
futuro às nossas vidas, ao nosso país, ao nosso “mundo”. Quer queiramos,
quer não, esse meio é, sem dúvida, a política.
Na
política as bases já existem, as ideias estão lá. Já muita gente estudou e
experimentou, e não restam dúvidas que é a forma mais rápida e eficaz. Ninguém
sozinho, ou em grupos dispersos, por muito que queira, conseguirá levar até ao
fim uma mudança. É preciso traçar um novo rumo. Apenas e só isso – traçar o
rumo –, porque as ferramentas de que precisamos já existem. Basta acrescentar-lhes
a mão-de-obra adequada.
É
preciso acreditar em novos políticos e em novas políticas, em novos
pensamentos, novas mentalidades, mais adequadas à nova realidade, ao momento
atual. Não podemos cortar e apagar a história, mas o futuro chama ao palco
novos atores, preparados, aptos, conscientes e capazes. Até pode chamar todos, novos
e velhos, só que uma coisa é certa: os papéis terão que ser reformulados -,
porque… perdoem-me o gentílico… “para
este tipo de peditório, já demos”.
Não
podemos esquecer, NUNCA, que “Portugal é
uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade
popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.”
Há
que respeitar os direitos fundamentais consagrados na Constituição Portuguesa,
em especial o que define o nosso Estado como um “Estado de direito democrático, baseado na soberania popular, no
pluralismo de expressão e organização política democráticas, no respeito e na
garantia de efetivação dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e
interdependência de poderes, visando a realização da democracia económica,
social e cultural e o aprofundamento da democracia participativa.”
Importa
ressalvar que a “Soberania e legalidade”
é “una e indivisível” que “reside no povo, que a exerce segundo as
formas previstas na Constituição”. E que o “Estado subordina-se à Constituição e funda-se na legalidade democrática.”
Enquanto
assim for determinado, teremos que respeitar que “A validade das leis e dos demais atos do Estado, das regiões autónomas,
do poder local e de quaisquer outras entidades públicas depende da sua
conformidade com a Constituição.”
Ou
seja, temos que respeitar a Constituição Portuguesa que defende os princípios para
que possamos viver com dignidade, partindo da aplicação de políticas sociais, onde
o direito deve ser respeitado, e a democracia impera.
Temos
que lutar pelo que é nosso, pelo que é de todos. Que respeitar os limites do
nosso próximo, para que ele respeite o nosso. Temos que voltar atrás no tempo e
perceber o que eram (são) as regras de boa vizinhança.
Embora
algo controversa, a teoria de John Rawls (Véu
da Ignorância) - até certo ponto - poderá ser aplicada.
Pelo
menos para que possamos, cada vez que formos decidir, pensar que se for bom ou
mau, desconhecendo-nos a nós próprios enquanto seres, quer em termos de género,
raça ou credo, se vai ou não - essa decisão - boa ou má, poder incidir sobre nós.
Logo,
se não queremos o mau para nós, aplicando esta regra, também não o vamos querer
para os demais. Neste aspeto parecerá mais racional que a decisão seja bem
pensada, o que, permitam-me, não aparenta que aconteça atualmente, em
diferentes situações.
Chamar-se-á
a isto “romper com o passado”? Julgo que não.
Aceito,
mais, que se chamará “um novo futuro”,
ou, se entendermos de outra forma, “um
futuro novo”, com mais esperança, onde sejamos todos donos de tudo e de
nada. Tudo o que conquistarmos terá que ser por mérito.
No
entanto… temos que ser ativos. Temos que participar.
Não
quer dizer que todos os que cá andam, ou andaram, sejam incompetentes. Alguns
deram tudo que tinham, fizeram tudo o que podiam e sabiam. Não são, ou não foram,
capazes de fazer nem mais, nem melhor. Não se pode criticar quem, por amor à
camisola, deu tudo de si. Porém, não se poderá continuar a aceitar que se viva
das boas vontades ou de - apenas - boas intensões, porque dessas…
Neste
meu mundo imaginário, não existem pessoas com maior dignidade humana que outras.
Ninguém é um ser menor. Todos somos “diferentes e iguais”.
Se
calhar, esta minha “politização”, parece estar a acontecer-me um pouco tarde,
mas como diz o ditado “nunca é tarde”,
ou o outro “mais vale tarde, que nunca”.
Acho
que concluí por perceber que para fazer mais e melhor é preciso fazer uma
ligação entre o que entendemos como sendo as boas práticas, boas metodologias, melhores
dinâmicas, melhores atitudes… com os melhores conhecimentos, as mais acertadas
decisões, usando os melhores “veículos”, se necessário TT.
Não
devemos, nem podemos, desprezar o que outros fizeram, pois como disse Eleanor Roosevelt, temos que aprender “com os erros dos outros”,
porque não iremos conseguir “viver tempo
suficiente para cometer todos os erros, por nós mesmos.”
Termino esta minha reflexão com Fernando Pessoa,
porque acredito que “Há um tempo em que é
preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e
esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo
da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem
de nós mesmos.”
Ousemos, por isso, procurar UM FUTURO NOVO, ou UM
NOVO FUTURO!
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2013.02.07