29 de dezembro de 2012

Tentar salvar uma vida vale mesmo a pena?


Amaro Costa (AC) reside no concelho de Peniche. Tem três filhos e uma vida igual à maioria dos portugueses que atravessa uma situação delicada neste país. Num acidente, que diz não ter provocado, sentiu que salvou, direta ou indiretamente, a vida a outra pessoa, mas acabou como responsável pelos danos e sem o carro da família.


Parte I – Introdução
De acordo com o AC, no passado dia 22 de dezembro 2012, às 11:45 horas, na localidade de Serra d’El Rei, concelho de Peniche, ao circular no sentido Atouguia da Baleia – Serra d’El Rei e ao chegar à entrada da estação de serviço CEPSA, que fica às portas desta localidade” deu conta de um automóvel que viajava em sentido contrário e que havia parado nessa mesma entrada para a estação, com o pisca ligado.
Depois de “dois compassos de espera, o automóvel avançou perigosamente para a estação colocando-se na minha faixa de rodagem e rigorosamente à minha frente.” AC ficou sem tempo para travar, considerando mesmo que possível fosse o embate seria igualmente inevitável.

O seu instinto ditou que torcesse o volante para a direita, na tentativa de evitar o embate frontal e que seria fatal para o “transgressor”. Ao desviar repentinamente a trajetória do seu carro, acabou por embater violentamente nas instalações da estação de serviço, provocando estragos consideráveis, não só na estação de serviço, como no seu carro que acabaria por ficar totalmente destruído.


Alguns automobilistas que haviam presenciado o sucedido pararam. Mas depois de verificarem que o AC se encontrava bem, prosseguiram as suas viagens, provavelmente sem imaginar que o seu testemunho iria ser de extrema importância para o desfecho deste episódio da vida real.

Até aqui, nada de “anormal”, ou seja, um acidente, com danos, provocado por uma desatenção ou má conduta de um condutor.

Parte II – E depois do embate
O pior veio depois, pois o condutor do veículo “causador” deste acidente seguiu - normalmente - a marcha rumo ao seu destino e nem tão pouco se dignou inteirar-se do estado da vítima.

Ao arrombar a sua própria porta, AC conseguiu sair do veículo. Dirigiu-se ao outro condutor perguntando-lhe como foi possível ele não o ter visto. Este respondeu que “se o tivesse visto, tinha parado, né!?”

Parte III – Disse, mas não disse
Poucos minutos mais tarde surgiu a GNR, que por acaso estava a passar pelo local, e que acabou por tomar conta da ocorrência.

O espanto do AC foi quando se apercebeu “que o responsável pelo acidente havia já alterado o seu discurso em relação à sua participação direta nesta história. Este, não satisfeito com o simples facto de eu lhe ter salvado a vida, acabou por dar um depoimento de testemunha simples, relatando que não sabia de nada e que estava parado na sua faixa de rodagem aquando do meu despiste voluntário, que talvez pudesse ter resultado do facto de eu me ter assustado com a sua presença.

Incrédulo com o sucedido AC questionou o outro automobilista, tentando chamá-lo à razão e à veracidade dos factos. Mas este acabou por chamá-lo de “mentiroso e colocou-se completamente à margem das suas responsabilidades, deixando-me totalmente perplexo.

Os guardas da GNR perguntaram se havia testemunhas, mas infelizmente estas já não se encontravam no local, não havendo, por isso, uma única pessoa disponível para apoiar o AC no levantamento dos factos.

Parte IV – Contas feitas…
Amaro Costa, num acidente que diz não ter provocado, sentiu que salvou, direta ou indiretamente, a vida a outra pessoa, mas acabou como responsável pelos danos e sem o carro da família.

Parte V – O lamento…
AC diz-se “insultado, injustiçado, privado do uso do meu carro, obrigado a ser responsável pelo acidente e aconselhado pelos guardas da GNR para numa próxima ocasião seguir em frente e não desviar o volante”, e pergunta:

Quanto vale realmente a vida de uma pessoa?
Onde está a dignidade e a humanidade em episódios como este?
Acredito que a minha história não seja singular nas estradas portuguesas, mas depois ter sido motorista profissional de pesados, possuir carta de condução há mais de vinte anos e ter a certeza que pratico uma condução segura, a minha ingenuidade não impediu que eu me visse a contas com uma situação destas.
Como pode um ser humano não reconhecer que alguém lhe quis bem, não reconhecer tal intenção e contra-atacar com insinuações bárbaras e injustas?”

Parte VI – Conclusão
Continuo com a esperança de que haja testemunhas deste acidente e ficarei eternamente grato caso apareça alguém que tenha visto o que realmente aconteceu e que se faça ouvir.

A conclusão a que chego é simples e rápida: Sim, a vida vale muito mais do que isto. A vida é o bem mais precioso, é tudo o que temos e nada é mais sagrado do que estar vivo e sentir que há esperança, beleza, harmonia, amor, amizade e saúde.

Apesar de sentir uma revolta enorme dentro de mim, devo dizer que se amanhã me acontecesse um incidente igual, eu faria exatamente o mesmo. Ouviria as mesmas injustiças, sentiria a mesma angústia, ficaria novamente sem carro, mas teria a certeza que tinha evitado um desastre maior. Teria evitado uma tragédia que teria de carregar para o resto da minha vida.

Escolho a vida e apesar das dificuldades que poderei enfrentar daqui para frente, uma garantia ninguém me tira: salvei uma vida – salvei um mundo inteiro!
Agradeço ao condutor infrator esta oportunidade.

Parte VII - Notas finais
Os factos aqui relatados têm como referência o texto elaborado por Amaro Costa. As considerações foram feitas com base nesse mesmo texto.

O nosso único intuito é de tentar ajudar a encontrar alguém que, tendo visto o acidente, possa contribuir de forma positiva para o desfecho deste caso. Por isso, se viu e está disposto a testemunhar, siga o nosso conselho: dirija-se ao posto da GNR de Peniche e conte o que viu. A verdade é a nossa melhor arma.

Aproveito para desejar ao Amaro Costa boa sorte e que venha a confirmar-se a história que nos contou e que possa recuperar, pelo menos, o veículo de família, porque do susto, já ninguém o livra.

2 comentários:

  1. Muito Obrigado pela exposição do meu caso e por todo o apoio. Um abraço forte e o desejo de um Ano Novo cheio de sorte e saúde. Amaro Costa

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2013.02.07